Por Cristina Camargo | Entre Histórias e Viagens – um blog curioso
![]() |
Imagem de Brigitte Werner por Pixabay |
Imagine um mundo em que a tensão entre países era tanta que bastou uma faísca para acender um incêndio global. Assim começou a Primeira Guerra Mundial, em 1914, um conflito que durou quatro anos e redesenhou não só o mapa da Europa, mas também as relações entre nações por todo o século XX.
Mas o que exatamente levou o mundo à beira do caos? E como esse episódio, apesar de trágico, é cheio de aspectos curiosos e surpreendentes? Vem comigo nessa leitura, que vai além das trincheiras e dos livros de história.
Quem eram os lados da guerra?
A Primeira Guerra Mundial, também chamada de Grande Guerra, colocou em lados opostos dois grandes grupos: a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (França, Inglaterra e Rússia). Curiosamente, a Itália trocou de lado no meio do conflito e passou a apoiar a Entente.
Apesar de ser um conflito essencialmente europeu, envolveram-se 17 países de todos os continentes — inclusive o Brasil. Sim, o Brasil esteve lá, mas já vamos chegar nessa parte!
O estopim: um assassinato que virou história
Você sabia que um dos maiores conflitos do século XX começou por causa de um crime em uma cidade que pouca gente sabia localizar no mapa? Em 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, foi assassinado em Sarajevo por um estudante sérvio-bósnio.
O que parecia um ataque isolado serviu como pretexto para que alianças fossem ativadas e declarações de guerra se multiplicassem como peças de dominó. Em questão de dias, o conflito se espalhou por toda a Europa.
As verdadeiras causas da Primeira Guerra Mundial
Apesar do assassinato ter sido o gatilho, a guerra já estava "engatilhada" há tempos. Entre as principais causas da Primeira Guerra Mundial estavam:
-
A corrida armamentista, com os países se equipando como nunca antes.
-
O nacionalismo exacerbado, especialmente entre França, Alemanha e Rússia.
-
Disputas imperialistas, com cada potência querendo ampliar sua influência.
-
A instabilidade dos Bálcãs, onde os impérios lutavam por controle territorial.
Curiosamente, o desenvolvimento tecnológico da época também contribuiu: trens velozes e novas armas tornavam os exércitos mais eficientes — e perigosos.
As fases da guerra: trincheiras, avanços e retrocessos
A guerra começou com movimentações rápidas, mas logo se transformou em algo quase estático. Surgia aí a guerra de trincheiras, em que soldados se enterravam no solo por meses, enfrentando frio, lama, ratos e doenças. Era como viver num buraco em meio ao caos.
Além disso, a guerra viu inovações tecnológicas assustadoras: tanques, aviões, submarinos, obuses de grosso calibre e gás venenoso. O número de mortos ultrapassou os 10 milhões de soldados, sem contar os 6 milhões de civis e os mais de 20 milhões de feridos.
Estados Unidos entram, Rússia sai
Em 1917, dois fatos mudaram o rumo da guerra. A Rússia sai do conflito após a Revolução que derrubou o czar e implantou o regime socialista. Enquanto isso, os Estados Unidos entram na guerra, após ataques a navios e a descoberta de um telegrama alemão que sugeria uma aliança com o México para invadir os EUA (sim, isso quase aconteceu!).
Com a entrada americana, a balança começa a pender para o lado da Entente.
O fim do conflito e o Tratado de Versalhes
A guerra termina oficialmente em 11 de novembro de 1918. O Tratado de Versalhes, assinado em 1919, impôs pesadas sanções à Alemanha: perda de territórios, colônias, pagamento de indenizações milionárias e a aceitação da culpa pela guerra.
Essas imposições humilharam a Alemanha e acabaram sendo uma das principais causas da Segunda Guerra Mundial anos depois.
Brasil na Primeira Guerra Mundial
E o Brasil, onde entra nessa história? Em 1917, após navios brasileiros serem atacados por submarinos alemães, o país rompe relações com os agressores. Enviamos soldados e, principalmente, apoio médico à Europa, marcando a nossa discreta, porém simbólica, participação.
Consequências da Primeira Guerra Mundial
As consequências da guerra foram profundas:
-
Redesenho do mapa político da Europa e do Oriente Médio.
-
Criação da Liga das Nações, uma tentativa de evitar novos conflitos (spoiler: não funcionou tão bem).
-
Ascensão dos Estados Unidos como potência global.
-
Instabilidade política na Alemanha, que levou ao surgimento do nazismo.
E claro, um imenso rastro de dor, luto e mudanças sociais que ecoam até hoje.
Curiosidades que merecem atenção
-
O Reino Unido lançou o Dreadnought em 1906, um navio de guerra tão avançado que mudou os rumos da marinha moderna.
-
A Alemanha tentou construir uma ferrovia ligando Berlim a Bagdá, o que incomodou — e muito — os russos.
-
O sistema de alianças foi tão entrelaçado que bastou uma guerra regional nos Bálcãs para virar um conflito mundial.
Para refletir
A Primeira Guerra Mundial foi, sem dúvida, um marco na história moderna. Mas mais do que batalhas e tratados, ela nos faz pensar em como rivalidades, ambições e orgulho podem transformar o mundo — para o bem ou para o mal.
Aqui no Entre Histórias e Viagens, gostamos de olhar para os fatos com curiosidade, ressaltando o grande respeito por quem viveu — e morreu — nesses períodos tão marcantes.
Fontes de referência:
Primeira Guerra Mundial (1914-1918): o que foi, as causas e consequências - Toda Matéria